Eu sou uma escritora de narrativas. Minhas narrativas, em sua maioria esmagadora, vem das minhas experiências, vivências, do meu olhar dirigido a pessoas que conheço bem ou que não conheço tanto assim.
Algumas vezes, escrevo o que sinto. Em outros momentos, passo para as palavras impressões, achismos, imaginação, hipóteses. E crio um mundo a parte. Algo que você não encontra no metaverso.
A imaginação. O ato de sonhar. De supor. De calcular rotas com base em previsões. A ação de por no papel mundos fantasiosos. O ato de criticar. Tudo isso é essencialmente humano.
O ser humano pode criar tecnologias. Pode usá-las para diversos fins: seja para criar, seja para calcular, seja para consultar. Mas nada substituirá o toque, a sensibilidade, a intuição, a alma da raça humana.
Eu tenho medo de ser substituída por uma inteligência artificial. Tenho medo que ela copie padrões humanos de criatividade. E, maior mesmo é o meu medo, que as pessoas apreciem esta substituição.
Porque existe algo que a cibernética não pode imitar: é a falta de lógica do homem. A falta de padrão. A diferença de movimentos, de ciclos, de fases. As irregularidades. Os questionamentos. A influência de emoções. A confluência de ideias. O calor dos dedos ao tocar o corpo de um lápis, de uma caneta. A grafia que expressa uma personalidade. Até a própria personalidade.
Somos feitos de carne, osso, espírito, essência. Somos insubstituíveis. Nada pode tomar lugar de um médico que avalia um paciente começando pela pergunta: "Como vai a vida?" E mais, nada substitui a escuta humana. Nada substitui a compreensão ao olhar no fundo dos olhos. Nada substitui, por exemplo, a elaboração de diferentes harmonias que se sobrepõe de maneira contínua, cíclica e de forma rodopiante, como as criações de Philip Glass. Nada copia Ennio Morricone e sua poesia sonora, envolvente.
Eu penso estas coisas e imagino o que pode fazer aquele terrível empresário do ramo tecnológico, que agora ocupa cargo de poder político em uma grande potência mundial que, por sua vez, está em franca decadência. Ele planeja ir para outros planetas, alegando que o nosso não vai aguentar-nos por muito tempo. Ele ambiciona ir para muito longe daqui. Para Marte, para a Lua. Será que ele pensa nos danos que, estar em Marte, pode causar ao corpo. Ele mesmo não tem algo fundamentalmente nosso, dado por Deus: senso crítico. Falta-lhe o bom senso.
Talvez, eu calculo com a minha intuição, ele mesmo seja um robô que ganhou extrema autonomia e extremo poder. E, pelo que conheço de mim mesma, como mulher que sou, um robô não vai muito longe. Vamos ver até quando isto tudo vai existir. Espero que falte energia.
Excelentes reflexões, Luiza.
ResponderExcluirEsta história de IA e figurões me deixa bem revoltada.
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